sexta-feira, 29 de abril de 2011

Mando tibi navem prora puppique carente

Vamos à análise gramatical da frase citada. Para os curiosos ou desejosos de aprender um pouco da l+ingua latina chamo a atenção para as 3 primeiras palavras. Trata-se do verbo mando-as-are-avi-atum, na 1ª pessoa do singular, logo, o sujeito desta oração será 'Ego' - eu, subentendido. Mando será o predicado; tibi é o caso dativo do pronome pessoal na 2ª pessoa do singular, sendo a 1ª pessoa 'ego'. Assim na frase temos um sujeito não expresso, ego, um complemento indirecto - tibi- e um complemento directo - navem- que é o acusativo do substantivo navis - is, por isso da 3ª declinação que no acusativo toma a forma navem. Podemos já traduzir esta parte da frase: (eu) mando-te um navio, uma nau.
Quanto à 2ª parte da frase vamos principiar pela última palavra 'carente', que é o participio presente do verbo careo, que significa ter falta, não ter.Este verbo tem a particularidade de exigir que as palavras dele dependentes (seus complementos) estejam no caso ablativo. É o que acontece com as palavras prora e puppi-is, cuja tipologia já vimos noutra comunicação. Estas palavras significam proa e popa (a parte da frente e a parte de trás da nau) falta a última parte da palavra puppi-que. Este que é uma partícula enclítica que une duas palavras ou dois membros da frase e se traduz por e(i). Passemos então à tradução de toda a frase: Mando-te uma nau  sem (carente de) proa e sem popa.
Cícero, brincando com esta frase transformou-a numa saudação jocosa. Navem sem proa nem popa fica a palavra ave (tirou-lhe a parte da frente e a a parte de trás - último m). Repito (n)Ave(m) que é uma saudação equiva´lente a salve, bom dia. É o que desejo a todos os meus leitores
Valete

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